terça-feira, 31 de julho de 2012

Ensino Fundamental de 9 anos



O Ensino Fundamental de 9 anos é um movimento mundial, já tendo sido adotado em vários países, inclusive da América do Sul. No Brasil, também observa-se um interesse crescente em aumentar o número de anos do ensino obrigatório, tendo se tornado uma das metas da educação nacional pela Lei nº 10.172/2001 que aprovou o Plano Nacional de Educação - PNE. No dia 06 de fevereiro de 2006 foi sancionada a lei nº 11.274 que faz alterações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBN) e amplia o ensino fundamental para nove anos, abrangendo a matrícula de crianças de 6 anos de idade.

A inclusão das crianças dessa faixa etária tem duas intenções: “oferecer maiores oportunidades de aprendizagem no período de escolarização obrigatória e assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos estudos, alcançando maior nível de escolaridade”. Acredita-se que com essa inclusão, as crianças vindas das camadas populares sejam as maiores beneficiadas, pois terão as mesmas condições de escolaridade que já possuem as crianças das camadas média e alta da sociedade.

Entretanto, não basta que as crianças fiquem um número maior de anos na escola.  É preciso que lhe sejam asseguradas todas as condições de aprendizagem, de acordo com suas características etárias, sociais e psicológicas. A alfabetização precisa acontecer num contexto lúdico, através de brincadeiras espontâneas, jogos, danças, formas variadas de comunicação e expressão, sendo recomendado pelo documento de diretrizes que se deve “evitar a monotonia, o exagero das atividades acadêmicas ou de disciplinamento estéril”.

Por meio de pesquisas e experiência prática, constatou-se que as crianças nessa faixa etária já se encontram aptas para o processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, principalmente no que diz respeito ao aprendizado da linguagem escrita, é preciso que os trabalhos pedagógicos sejam orientados de forma adequada para essa faixa etária. É fundamental ressaltar também que não se trata de transferir para as crianças de seis anos o mesmo estilo de aprendizagem do antigo primeiro ano e, sim, conceber uma nova estrutura de organização dos conteúdos, levando em conta o perfil dos alunos.

Para isso é preciso uma reestruturação e organização dos conteúdos, assim como do próprio espaço e do tempo escolar, além de investimento na formação dos professores. Infelizmente, o que se verifica na prática, principalmente nas escolas públicas, é o desconhecimento dessas necessidades. Verifica-se que as escolas muitas vezes não dispõem nem de carteiras apropriadas para receber essas crianças, o que nos leva a frisar que, tão importante quanto estabelecer políticas públicas que modifiquem as estruturas educacionais é criar condições para que essas políticas se efetivem.

quarta-feira, 18 de julho de 2012


Gostaríamos de comunicar que durante duas  semanas não haverão novas postagens!
Obrigada pela compreensão!
Boas férias!!!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)


Vistos como o principal dispositivo do processo de reforma psiquiátrica e ocupando lugar central na redefinição do modelo assistencial em saúde mental, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços extra-hospitaleres, abertos e de base comunitária que compõem a rede de atenção em saúde mental. O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

O primeiro CAPS foi inaugurado em 1986 na cidade de São Paulo: o Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira. Entretanto, somente a partir da criação da Portaria GM/MS nº 336, de 19 de fevereiro de 2002 que foram criados instrumentos concretos de financiamento para sua implantação e manutenção em todo o Brasil. 

De acordo com a Portaria, os CAPS poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III, definidos por ordem crescente de complexidade e abrangência populacional. Independente da modalidade, todos os tipos de CAPS devem prestar as seguintes assistências: atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, orientação, entre outros); atendimento grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outros); atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou nível médio; visitas e atendimentos domiciliares e atendimento à família.

Desde a sua criação, os CAPS têm o desafio de substituir a centralidade do hospital psiquiátrico na assistência à saúde mental. Segundo a última publicação do Saúde Mental em Dados, existem 1742 CAPS no Brasil, sendo 173 só no estado de Minas Gerais. 

No município de São João del Rei, existe um CAPS I desde 2004, responsável por atender 14 municípios da região. De acordo com a Portaria, o CAPS I tem a capacidade operacional para atendimento em municípios com população entre 20.000 e 70.000 habitantes. Só em São João del Rei há 84.404 habitantes. Entretanto, a coordenadora Mônica Soraia de Oliveira confirma, no vídeo acima, o pedido de credenciamento para CAPS II. 

O CAPS I poderá cobrir o atendimento de até 25 usuários por mês em regime de cuidados intensivos, porém o CAPS Del Rey atende 32 usuários.  Em atendimento semi-intensivo, o CAPS I deverá atender até 50 pacientes por mês. O CAPS Del Rey mantém os atendimentos na faixa, com 42 usuários. Já em relação aos cuidados não-intensivos, o CAPS I poderá atender até 90 pacientes por mês, sendo que no CAPS em questão atende-se 182 usuários, ou seja, mais da metade do que é previsto. 

Um desafio que o CAPS de São João del Rei vem enfrentando, de acordo com Mônica, é a grande demanda de usuários dependentes químicos, pessoas que fazem uso de álcool e/ou drogas (que apresentam abuso de álcool e drogas); hoje tais usuários representam cerca de 60% dos atendimentos realizados no CAPS. Em virtude disso, no prazo de três meses, o município implantará um CAPSad, responsável por atender pessoas com problemas decorrentes do uso ou abuso de álcool e outras drogas. A implantação desse novo modelo de CAPS irá facilitar o tratamento dos usuários de drogas bem como aliviar e permitir o aprimoramento do atendimento do CAPS I. 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Atendimento Educacional Especializado: a Sala de recursos multifuncionais




A sala de recusos multifuncional é um programa que ganhou ênfase com a Resolução CNE/CEB nº 04/2010 - DiretrizesCurriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, publicada em 14/07/2010: que dizia que os sistemas de ensino devem matricular os estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado - AEE, complementar ou suplementar à escolarização, ofertado nessas salas ou em centros de AEE da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. Essa resolução permite uma inserção do aluno com deficiência nas escolas de ensino regular. O programa é destinado às escolas das redes estaduais e municipais de educação, em que os alunos com essas características estejam registrados no Censo Escolar MEC/INEP.

De acordo com o site do MEC, de 2005 a 2006 - 626 Salas de Recursos Multifuncionais foram disponibilizadas, em 2007 - 625  e em 2008 - 4.300, distribuídas em todos os estados e o Distrito Federal. Essas salas são espaços localizados nas escolas de educação básica onde se realiza o Atendimento Educacional Especializado – AEE. Elas são constituídas de mobiliários, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade, equipamentos específicos e professores com formação para realizar o AEE. Omaterial encaminhado para cada sala multifuncional é descrito detalhadamente noPortal do MEC. 

A resolução também prevê que “Os sistemas e as escolas devem criar condições para que o professor da classe comum possa explorar as potencialidades de todos os estudantes, adotando uma pedagogia dialógica, interativa, interdisciplinar e inclusiva e, na interface, o professor do AEE deve identificar habilidades e necessidades dos estudantes, organizar e orientar sobre os serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade para a participação e aprendizagem dos estudantes.”

E é aqui que se encontram os maiores problemas com essas salas, a intenção da criação foi boa, mas infelizmente, como podemos ver nas entrevistas, ainda são consideradas insuficientes os treinamentos adequados para o uso dessas salas e para o trabalho com os alunos.  Para a realização destas entrevistas, foram visitadas duas escolas no município de São João del-Rei e o que pode ser observado é que ainda há falta de apoio, principalmente dos pais destes alunos.

A resolução prevê que o aluno seja atendido no contra-turno das aulas nas salas de ensino regular, contudo muitos pais ainda não se conscientizaram da importância de um projeto como esse e não levam seus filhos fora do horário de aulas, fazendo com que a escola seja obrigada a tirar o aluno de da sala regular para que seja feito o trabalho na sala de recursos. Há também um certo tipo de preconceito por parte de alguns professores e dos alunos que não fazem parte desse atendimento. Mas vimos que com a boa vontade e mobilização de alguns além da ajuda oferecida pelo governo que é possível que o trabalho seja realizado e que gere bons resultados, como a melhora no desempenho acadêmico e melhora nas habilidades sociais.