Quando uma mulher
esta grávida aqui no Brasil é comum que se pergunte como ela terá
a criança – Vai ser normal ou cesárea, dizem. Mas será que esse
procedimento cirúrgico pode realmente ser tido como uma opção
comum a qualquer gestante?
A organização
mundial de saúde desde 1985 já afirmava que não havia razões plausíveis para um país ter mais que 15% dos seus partos feitos
como cesáreas . O Brasil, no entanto, é recordista mundial em números de partos desse tipo. O índice é de que 52% dos partos são feitos como cesarianas. Em hospitais particulares o número dobra e
chega – em alguns [idem] – a quase 90%. O mais preocupante é que
a maioria dessas cirurgias não é feita de forma emergencial, elas
são programadas com muita acedência pelos médicos. Essas
cesarianas desnecessárias, como estão sendo chamadas, podem trazer
riscos para as mães e para as crianças. No caso das crianças a
prematuridade é um dos problemas – que pode vir a acarretar
inúmeros outros. No ano de 2010, 11,7% de crianças nasceram
prematuras, os maiores índices são da região sudeste, sul e
centro-oeste, que são as mesmas regiões com os maiores números
nesse tipo de parto.
A cesariana é uma cirurgia indicada em alguns casos especiais quando a gestante
realmente não tem condições para executar o parto normal ou quando
ocorre alguma complicação. É uma intervenção cirúrgica
importante quando utilizada da forma correta e para o fim necessário.
Mas o que vem acontecendo desde os anos 70/80 é uma mudança na
própria estruturação hospitalar em relação aos partos. Essa
mudança ocorreu tanto na desvalorização de profissionais que
atuavam no parto, como parteiras, obstetrizes e enfermeiras
especializadas – formando uma equipe transdisciplinar para auxiliar
a mulher no parto; quanto no número que diminuíram bruscamente
desses anos para cá, e que na maioria dos hospitais – públicos e
privados – possuem mais leitos para partos cesáreas que para os
partos normais.
A questão da
“epidemia” de cesáreas é algo bem mais complexo do que se
costuma apresentar. Envolve tanto questões culturais e míticas –
como os medos criados sobre o parto normal, e na própria formação
médica – quanto questões econômicas, envolvendo tanto a rede
pública como a rede privada. Muitas mulheres vêm se organizando
para lutar por uma humanização do parto e pela conscientização
desse processo. Traremos numa próxima publicação um pouco mais
sobre esse assunto, abordando a questão da Violência Obstétrica no
Brasil. Fica como referência um estudo feito pela Fundação Osvaldo
Cruz, publicado em 2007, intitulado “Cesarianas desnecessárias:Causas, conseqüências e estratégias para sua redução” e o
documentário recém lançado chamado: O renascimento do parto.
Hoje a nossa
entrevistada foi Ana Paula, aluna no curso de música da Universidade
Federal de São João Del Rei, que optou por ter um parto domiciliar.
Ela nos falará um pouco sobre essa questão que abordamos, e sobre
sua experiência pessoal!
Até a próxima!
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