terça-feira, 1 de julho de 2014

O caso das cesáreas no Brasil


Quando uma mulher esta grávida aqui no Brasil é comum que se pergunte como ela terá a criança – Vai ser normal ou cesárea, dizem. Mas será que esse procedimento cirúrgico pode realmente ser tido como uma opção comum a qualquer gestante?

A organização mundial de saúde desde 1985 já afirmava que não havia razões plausíveis para um país ter mais que 15% dos seus partos feitos como cesáreas . O Brasil, no entanto, é recordista mundial em números de partos desse tipo. O índice é de que 52% dos partos são feitos como cesarianas. Em hospitais particulares o número dobra e chega – em alguns [idem] – a quase 90%. O mais preocupante é que a maioria dessas cirurgias não é feita de forma emergencial, elas são programadas com muita acedência pelos médicos. Essas cesarianas desnecessárias, como estão sendo chamadas, podem trazer riscos para as mães e para as crianças. No caso das crianças a prematuridade é um dos problemas – que pode vir a acarretar inúmeros outros. No ano de 2010, 11,7% de crianças nasceram prematuras, os maiores índices são da região sudeste, sul e centro-oeste, que são as mesmas regiões com os maiores números nesse tipo de parto. 

A cesariana é uma cirurgia indicada em alguns casos especiais quando a gestante realmente não tem condições para executar o parto normal ou quando ocorre alguma complicação. É uma intervenção cirúrgica importante quando utilizada da forma correta e para o fim necessário. Mas o que vem acontecendo desde os anos 70/80 é uma mudança na própria estruturação hospitalar em relação aos partos. Essa mudança ocorreu tanto na desvalorização de profissionais que atuavam no parto, como parteiras, obstetrizes e enfermeiras especializadas – formando uma equipe transdisciplinar para auxiliar a mulher no parto; quanto no número que diminuíram bruscamente desses anos para cá, e que na maioria dos hospitais – públicos e privados – possuem mais leitos para partos cesáreas que para os partos normais.

A questão da “epidemia” de cesáreas é algo bem mais complexo do que se costuma apresentar. Envolve tanto questões culturais e míticas – como os medos criados sobre o parto normal, e na própria formação médica – quanto questões econômicas, envolvendo tanto a rede pública como a rede privada. Muitas mulheres vêm se organizando para lutar por uma humanização do parto e pela conscientização desse processo. Traremos numa próxima publicação um pouco mais sobre esse assunto, abordando a questão da Violência Obstétrica no Brasil. Fica como referência um estudo feito pela Fundação Osvaldo Cruz, publicado em 2007, intitulado “Cesarianas desnecessárias:Causas, conseqüências e estratégias para sua redução” e o documentário recém lançado chamado: O renascimento do parto

Hoje a nossa entrevistada foi Ana Paula, aluna no curso de música da Universidade Federal de São João Del Rei, que optou por ter um parto domiciliar. Ela nos falará um pouco sobre essa questão que abordamos, e sobre sua experiência pessoal!

Até a próxima!

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