Nos últimos anos, os ansiolíticos foram os medicamentos controlados mais vendidos no Brasil, sendo o Rivotril, o segundo mais comercializado. A informação foi divulgada no relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2012.
Entre 2006 e 2010, o número de caixas vendidas subiu de 13,57 milhões para 18,45 milhões, referente a 36% de aumento e corresponde a 553 pílulas vendidas nas farmácias. O Rivotril domina esse mercado correspondendo por 77% das vendas em unidades, ou seja, 14 milhões de unidades por ano. O tranquilizante só perde hoje para o anticoncepcional Microvlar que, em média, são 20 milhões de unidades por ano - o remédio prescrito mais vendido atualmente.
Em Minas Gerias, os números também são altos e preocupantes: um estudo realizado pelo Sindicato dos Farmacêuticos de Minas Gerais (Sinfarmig) mais de 15 milhões de comprimidos de Rivotril, cujo o princípio ativo é o clonazepan, foram distribuídos pelo SUS em apenas 10 cidades mineiras em 2012.
O consumo indiscriminado e abusivo de clonazepam, princípio ativo do medicamento Rivotril, em Minas preocupa médicos, devido ao alto potencial de dependência. O Conselho Regional de Medicina (CRM) e as secretarias municipal e estadual de Saúde querem investigar profissionais que vêm receitando a medicação. Segundo o CRM, caso seja comprovada conduta inapropriada ou interesses financeiros, médicos responsáveis podem ser até cassados (Fonte: Estado de Minas).
Diante esses dados temos que questionar o que está acontecendo: será que o consumo desse ansiolítico sugere uma população em sofrimento psíquico maior do que se imagina? Será que as condições sociais brasileiras aliadas à um desejo de soluções rápidas para aliviar a ansiedade tem feito esse consumo crescer? Ou ainda, os sistemas diagnósticos adotados é que estão privilegiando o tratamento medicamentoso? Ou tudo isso junto?
Com esse consumo alarmante do psicofármaco trata-se, hoje, de um problema de saúde pública e, por isso, muito tem se discutido sobre o assunto buscando entender o que gerou esse aumento exponencial do consumo de Rivotril. Muitas hipóteses foram elaboradas, entre elas: 1. o fármaco tem sido usado como meio de elixir as pressões do dia a dia como insônia, prazos, estresse, conflitos em relacionamentos; 2. é um medicamento barato, cerca de R$ 10, ou seja, mais acessível à população do que muitos outros medicamentos; 3. médicos de outras especialidades podem prescrever o ansiolítico; 4. há falta de fiscalização das vigilâncias sanitárias no comércio da droga e 5. a precariedade do atendimento de saúde mental no país também pode propiciar o abuso do remédio.
Segundo a nossa postagem de 18 de setembro de 2012, intitulada Análise da venda de medicamentos controlados no Brasil, o modelo de fiscalização de medicamentos controlados (tarja preta) usado baseiava-se somente na publicação de Regulamentos Técnicos, o que dificulta o cumprimento de metas e acordos internacionais de monitoramento e controle de consumo desses produtos. Para isso, foi criado um sistema de informação que permite o controle efetivo, em tempo real, das transações que ocorrem nas farmácias: o Sistema Nacional para Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). (Matéria completa)
Além dos inúmeros efeitos colaterais como perda de memória, sonolência, dificuldade no processo de aprendizagem, parada cardíaca, o consumo de Rivotril causa dependência, podendo levar a internações nos casos mais graves. Portanto, cabe aqui questionar como estão sendo utilizados esses medicamentos já que somente o tratamento medicamentoso não leva em consideração aspectos subjetivos dos sujeitos e somente neutralizam os sintomas do mesmo como também cabe questionar a sua eficácia, principalmente, o diz respeito aos efeitos colaterais e a dependência.
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