quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Medicalização da Infância: TDA/H nas escolas - Parte II



No dia 20 de Agosto (acesse aqui), postamos uma discussão no blog sobre um momento crítico que a sociedade contemporânea está vivenciando: a medicalização da infância.

Nesta segunda postagem sobre esse tema, entrevistamos o Prof. Fuad Kyrillos Neto, professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São João del Rei, sobre sua experiência na parte prática da disciplina Teorias e Técnicas de Psicodiagnóstico com crianças diagnosticadas com TDA/H.

O consumo indiscriminado dos medicamentos Concerta e Ritalina e a falta no rigor dignóstico de “crianças-problema” tem se tornado uma preocupação mundial. Os psicoativos citados são utilizados como uma centralidade no tratamento dessas crianças que, na grande maioria das vezes, são diagnosticadas com TDA/H. Hoje no Brasil e no mundo, o sujeito que não segue as regras impostas, que não é comportado e é questionador acaba sendo considerado incomodo, um problema social sendo submetidos a diagnósticos e tratamentos respaldados em uma abordagem dita científica, considerando crianças e adultos puramente um corpo biológico não sadio. 

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, o TDA/H é definido como um transtorno neurobiológico de causas genéticas. Muito desses diagnósticos são feitos dentro do setting escolar e são encaminhados à psiquiatras. Cabe aqui questionar, a visão da escola para com essas crianças: muitas consideram que comportamentos distintos do “normal” são obstáculos para um sucesso acadêmico e impedem o andamento e desenvolvimento das aulas e da escola. Por falta de preparo diagnosticam e rotulam crianças erroneamente. 

O número de crianças diagnosticadas com TDA/H está cada vez maior e o número de consumo dos seus respectivos psicoativos cresce exponencialmente. O discurso médico psiquiátrico defende que esse crescimento se deve ao maior conhecimento e conscientização acerca do
distúrbio. 

Fica as perguntas: será mesmo que o número tão alto de diagnósticos e do consumo de psicoativos, principalmente Ritalina, é devido ao maior conhecimento sobre o sofrimento psíquico? Ou será que a visão organicista, científica, neuronal impõe uma “verdade” que deve ser aceita? Pela complexidade do assunto, cabe aqui ainda mais perguntas: “Como estão as nossas escolas? Será que elas estão preparadas para receber essa diversidade e singularidade de nossas crianças?”

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