terça-feira, 26 de junho de 2012

Ações de Saúde Mental no Programa Saúde da Família



O Programa Saúde da Família (PSF) configura-se como a estratégia prioritária para reorganização da Atenção Básica no Brasil, sendo também a porta de entrada  preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS) e o ponto de partida para a estruturação dos sistemas locais de saúde. O PSF deve atuar na integralidade da assistência, considerando o indivíduo como pertencente a uma comunidade e inserido em um contexto sócioeconômica e cultural. Desse modo, o PSF apresenta-se como uma nova proposta de intervenção sobre a saúde, baseado nos princípios da territorialização, intersetorialidade, descentralização, co-responsabilização, eqüidade e participação social.

A criação do PSF pelo Ministério da Saúde está ligada ao surgimento do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em 1991. Entretanto, foi a partir da Portaria no. 648 de 28 de março de 2006, com a aprovação da Política Nacional de Atenção Básica, que o PSF consolidou-se como a estratégia de abrangência nacional e prioritária para reorganização da Atenção Básica no Brasil.

As equipes multiprofissionais da Saúde da Família (compostas, no mínimo, por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e 6 agentes comunitários de saúde) atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. Cabe aqui ressaltar que essas equipes deparam-se comumente com problemas de “saúde mental”, como queixas psicossomáticas, abuso de álcool e drogas e outras formas de sofrimento psíquico. Essa constatação apresenta-se como uma das justificativas para a inclusão de ações da saúde mental na Atenção Básica, assunto já tratado aqui no blog. Além disso, como ficam os municípios com menos de 20 mil habitantes, que de acordo com o Ministério da Saúde, não precisam ter o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)? Onde começar a rede de atenção à saúde mental senão a partir da Atenção Básica?

Partindo dessa problemática e tendo conhecimento que a capacitação das equipes dos PSF’s e o acompanhamento das ações de saúde mental na Atenção Básica já são realidade em alguns municípios, pretendemos analisar essa articulação no município de São João del Rei. Dentre as 13 Unidades Básicas de Saúde do município, escolhemos por entrevistar a Dra. Elizenda Soares, médica do PSF do bairro Tejuco. 

A equipe do PSF do Tejuco é composta por um médico, um enfermeiro, dois técnicos em enfermagem e 7 agentes comunitários. Dra. Elizenda revela que, dentre os 600 atendimentos mensais realizados, é recorrente o aparecimento de pessoas que se queixam de depressão, ansiedade e entre outras queixas (cerca de 70%). E que para melhor atender essas demandas, principalmente em relação aos usuários do CAPS, foi realizado um treinamento com a equipe, no qual teve a exposição das principais doenças e como identificá-las na comunidade. Ela cita também o apoio oferecido pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) na atenção à saúde mental.

A fala da Dra. Elizenda reforça ainda mais a importância da inserção dos usuários do CAPS na comunidade por meio do PSF: ela nos explica que esse movimento (apesar de recente, já configura-se como uma realidade no município de São João del Rei) vem possobilitando a criação de um vínculo das equipes do PSF com os usuários da saúde mental e suas famílias.

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