O Brasil é um dos países que mais consomem o psicotrópico metilfenidato. Este medicamento, popularmente conhecido como Ritalina, atua no tratamento do que de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mental é chamado de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Foram 2 milhões de caixas consumidas em 2009 . No caso de TDAH, muitas vezes o diagnóstico é realizado quando a criança entra na fase escolar. Em outros casos, é aplicado de maneira preventiva para que a criança não desenvolva tal transtorno.
Alguns pesquisadores (Dr. Thomas Szasz e a psiquiatria e ADHD among American Schoolchildren) vêm apontando os efeitos nocivos do uso de medicações psicotrópicas em crianças. Não somente em relação ao TDAH, mas também referente aos diversos transtornos da infância. Podemos esboçar aqui um início de questionamento não somente daquilo que chamamos de intoxicação pelo uso excessivo de medicamentos, mas também em relação aos sistemas diagnósticos adotados e para os tipos de tratamentos a serem oferecidos.
Se lembrarmos que de acordo com a cartilha Caminhos para uma Política de Saúde Mental Infanto-Juvenil do Ministério da Saúde do Brasil, temos entre as diretrizes políticas sobre saúde mental para infância e adolescência, “a condição da criança e do adolescente como sujeitos de responsabilidades e direitos”. É sobre essa diretriz que podemos pensar um tratamento que não seja necessariamente medicalizante.
A noção de sujeito implica também a de singularidade, que opõe-se a padrões diagnósticos e medicamentosos, uma vez que fomentam uma prática homogênea, massiva e institucionalizada.
Afinal, a medicalização da infância em que se alia uma clínica extremamente medicamentosa e de um diagnóstico fenomênico e estatístico - destaca-se aqui a trajetória histórica controversa do diagnóstico do TDAH -, é uma prática normalizante, que fere a noção de sujeito e subjetividade. Sujeito este que é responsável por suas demandas, pelo seu sofrimento psíquico e que não deve ser diagnosticado tão somente em termos de desvio em relação à norma.
Alguns pesquisadores (Dr. Thomas Szasz e a psiquiatria e ADHD among American Schoolchildren) vêm apontando os efeitos nocivos do uso de medicações psicotrópicas em crianças. Não somente em relação ao TDAH, mas também referente aos diversos transtornos da infância. Podemos esboçar aqui um início de questionamento não somente daquilo que chamamos de intoxicação pelo uso excessivo de medicamentos, mas também em relação aos sistemas diagnósticos adotados e para os tipos de tratamentos a serem oferecidos.
Se lembrarmos que de acordo com a cartilha Caminhos para uma Política de Saúde Mental Infanto-Juvenil do Ministério da Saúde do Brasil, temos entre as diretrizes políticas sobre saúde mental para infância e adolescência, “a condição da criança e do adolescente como sujeitos de responsabilidades e direitos”. É sobre essa diretriz que podemos pensar um tratamento que não seja necessariamente medicalizante.
A noção de sujeito implica também a de singularidade, que opõe-se a padrões diagnósticos e medicamentosos, uma vez que fomentam uma prática homogênea, massiva e institucionalizada.
Afinal, a medicalização da infância em que se alia uma clínica extremamente medicamentosa e de um diagnóstico fenomênico e estatístico - destaca-se aqui a trajetória histórica controversa do diagnóstico do TDAH -, é uma prática normalizante, que fere a noção de sujeito e subjetividade. Sujeito este que é responsável por suas demandas, pelo seu sofrimento psíquico e que não deve ser diagnosticado tão somente em termos de desvio em relação à norma.
Promove-se, assim, não só a padronização da criança que sofre do suposto TDAH ou de outros transtornos, mas de todo o sujeito que tem seus sofrimentos codificados e subordinados pelo discurso médico-científico. E seu sintoma, que será tratado através da medicação, não passa de uma manifestação da desordem bioquímica cerebral.
Muito bom o esclarecimento da questão de como o uso indiscriminado do DSM IV aliado aos interesses da industria farmacêutica, leva cada vez mais a uma desresponsabilização do sujeito. Num movimento contrário a uma possibilidade de dar tratamento às questões relacionadas ao sofrimento.
ResponderExcluirProfilaxia de transtorno, era só o que faltava...!
Parabéns pela inciativa do blog.!Um espaço legítimo de debate...!
Muito bons o vídeo e o texto.
ResponderExcluirMas ao meu ver o problema também está na atual geração de pais que, sem tempo para criar os filhos, acabam se rendendo a meios que facilitem o seu trabalho. Podemos aliar a isso o fato de que atualmente há uma visão que coloca a criança como "pequeno adulto", onde há uma desvalorização da infância em prol da preparação para a sua vida adulta. Logo, em vez de deixar a criança usufruir da sua vida infantil, medicamentos são usados com o pretexto de aumentar o seu rendimento escolar para que ela esteja mais preparada para o futuro.
Parabéns pelo blog.
Ótimo tema para debate... O furo tá bem mais pra baixo. Vi esses dias uma tirinha do Calvin muito interessante mostrando o quanto a criança é impedida de poder viver seu momento infantil em prol de uma adequação ao questionável modelo educacional atual. É no mínimo preocupante o quanto essa "balinha mágica" tem sido utilizada como solução a curto prazo de um incômodo para os pais e professores, e mais, para o que se considere "adequado". É.. tá mais que na hora de se pensar possibilidades de tratamento para além dos medicamentos, já que a questão vai para além do que é orgânico.
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